
Este calor asfixia qualquer palavra, faz-nos destilar por fora e por dentro, torna em pó gestos incompletos...
Faz-nos sentir urgência em viver, pensar, sentir...
Como se o nosso corpo pudesse secar partícula por partícula na ausência de um sorriso fresco.
Como um gelado frágil exposto a temperaturas tão elevadas, assim somos nós expostos à palavras secas e ásperas, à indiferença.
Derretemos como um cubo de gelo, tornamo-nos água e depois evaporamos... Difundimo-nos com o ar, abraçamos a atmosfera...
E, em dias mais frios, juntamos partícula a partícula de nós e choramos com saudade, enchendo o céu de nuvens cinzentas e regando sementes perdidas no solo que sobreviveu...
Adormecidos, acabamos sempre por voltar.
Voltar, fazendo renascer novos rebentos, criando novos sorrisos.
E voltar, voltar, como um ciclo.